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04 Mar

Fisioterapia Gerontológica: o que você precisa saber


O Crefito-9 conversou com a fisioterapeuta especialista em gerontologia, Francielle Fialkoski Molina, no quadro “Sextou com o Especialista”

Publicado em: 04 MAR 2022 às 10:42:00

Assessoria de Imprensa Crefito-9 - Larissa Klein


Até 2060, a estimativa é de que 1 a cada 4 brasileiros tenha mais de 65 anos – de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E conforme vamos avançando na idade, nosso corpo apresenta perdas fisiológicas devido ao processo natural do envelhecimento. Mas envelhecer não significa adoecer. E o idoso precisa de qualidade de vida para poder aproveitar muito bem esse processo natural, e será cada vez mais necessário ter profissionais da área de fisioterapia em gerontologia para promover mais saúde a esse público.

Com esses dados atuais e as perspectivas para os próximos anos, entende-se que o número de idosos que precisarão de cuidados específicos para as patologias que a idade traz aumentará. Para isso, a gerontologia tem sido uma área da saúde tão estudada nas últimas décadas para entender o processo de envelhecimento e o que se pode fazer para proporcionar uma melhor qualidade de vida aos idosos. E parte importante deste processo é o fisioterapeuta especialista em gerontologia.

Para falar sobre a especialidade no quadro “Sextou com o Especialista” o Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 9ª Região (Crefito-9) conversou com a fisioterapeuta especialista em gerontologia, vice-presidente da Associação Brasileira de Fisioterapia em Gerontologia (ABRAFIGE) e membra da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG Nacional), Francielle Fialkoski Molina. Ela destaca que a fisioterapia na terceira idade é de extrema importância.

“Vários profissionais precisam trabalhar lado a lado para que a saúde do idoso fique a melhor possível. E um desses profissionais é o fisioterapeuta. A fisioterapia gerontológica é focada no atendimento da pessoa idosa, mas de uma forma mais humanizada, onde o profissional pode atuar tanto na prevenção quanto na reabilitação do paciente com o objetivo de promover a independência funcional do idoso”, reforça.

Se vestir, andar, levantar, sentar, escovar os dentes, tomar banho, pentear o cabelo e se alimentar são tarefas básicas que precisam de movimento, assim como ir ao mercado, varrer uma casa, arrumar um guarda-roupa, lavar pratos, cozinhar, dirigir e trabalhar. E, manter e reaver autonomia e independência ao realizar essas atividades é o que todos almejam para um envelhecimento saudável. E a fisioterapia gerontológica ajuda muito a alcançar esse objetivo, de conduzir o paciente idoso a preservar, ou recuperar, a sua independência funcional. “Tudo gira em torno de proporcionar uma qualidade de vida melhor para a terceira idade”, afirma Francielle.

Mercado de trabalho

Justamente por esse envelhecimento da população e o fato do idoso estar em muitos espaços que o fisioterapeuta atua, até por conta de um dos principais objetivos do fisioterapeuta, a recuperação ou melhora do movimento, a expectativa é de crescimento na área.

E dentro do processo de envelhecimento existem várias alteração que vão implicar em disfunções, que o fisioterapeuta acaba tendo um papel muito importante. Por isso existem diversas oportunidades no mercado de trabalho para o profissional que escolher a fisioterapia gerontológica aponta Francielle.

Seja realizando atendimento individualizado em clinicas, a domicílio ou ambulatório. Trabalhos em grupos, que podem envolver associações, entidades ou instituições especializadas. Dentro dos serviços enquanto instituições especializadas para os idosos existem as Instituições de Longa Permanecia para Idosos (ILPIs) como: abrigos, asilos, Centro de Convivência, Centro Dia (no qual o idoso passa o dia e a noite retorna para casa).

Além disso, a gestão e consultoria para serviços e programas para instituições de qualquer tipo. Treinamento de equipes para cuidadores de idoso ou educação e saúde para familiares de idosos e grupos de apoio. Assim como os hospitais e serviços de atenção básica, como Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF).

“É ampla a atuação desde a atenção básica a alta complexidade. A grande maioria dos serviços acabam vindo das ILPIS, mas são diversas as oportunidades. Outo dia uma colega falou que tem crescido o número de idosos trabalhando e isso é um desafio na hora de fazer ginástica laboral. Então resolvemos fazer uma consultoria ergonômica juntas, que trabalha a parte técnica da ergonomia e a parte técnica de entender o envelhecimento. São coisas que se completam e que são possíveis”, pontua.

Especialização profissional

Se no futuro teremos uma população mais idosa, é importante saber como proporcionar qualidade de vida a esse público cada vez maior. Por isso Francielle Fialkoski ressalta que é imprescindível se especializar. Desde 2017 a Gerontologia foi regulamentada como especialidade profissional da Fisioterapia e da Terapia Ocupacional pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito) e é preciso fazer uma prova de título.

“E para quem quer atuar nessa área é preciso estudar muito, participar de eventos, de associações. Conversar com outros colegas e estar sempre atualizado. Pois quando se trabalha com idosos não se pode perder tempo”, afirma.

A fisioterapeuta pontua que uma característica marcante para quem trabalha na área é ser assertivo na intervenção.

“Com uma criança ou adulto não dá certo uma intervenção você tenta outra, para um idoso isso nem sempre é uma opção. Recentemente avaliei uma paciente que já faz fisioterapia, e que acabou de ser diagnosticada com quadro de demência. Falei para o neto dela que ela tinha um potencial muito grande para melhorar a mobilidade, mas que o trabalho precisava ser feito agora. Mais para frente à demência vai avançar e não vai ter como progredir. Então estude muito e procure se desenvolver com uma formação adequada para que a sua intervenção seja a melhor possível”, ressalta a fisioterapeuta.

Envelhecer bem

Francielle explica que envelhecer bem, é envelhecer com função. É envelhecer com a capacidade preservada. E a fisioterapia gerontológica é importantíssima nessa fase, tanto na prevenção como no tratamento de diversas doenças que podem acometer os idosos. “Ajuda a combater, tratar, prevenir, reabilitar e aliviar, o máximo possível a dor, o desconforto e a dependência. Quando a gente consegue melhorar isso, melhora e muito, a saúde e consequentemente ele continue sendo independente e mantendo sua autonomia”, explica a especialista.

Por exemplo, quedas acontecem em todas as faixas etárias, mas tornam-se mais frequentes e mais graves na terceira idade. Mas apesar disso, é importante deixar claro que cair não pode ser considerado algo normal para o idoso e, se isto está acontecendo, é importante entender o porquê, que pode estar relacionado a diferentes causas como perda da força e da mobilidade, neurológicas, entre outros.

"É comum termos casos em que a filha da paciente fala: minha mãe está com dificuldade para andar e caindo. Ela teve uma internação e perdeu muito peso e está fraca. São as famosas síndromes geriátricas, condições que envolvem uma soma de fatores e determinam alterações sistêmicas. Neste caso, uma síndrome de fragilidade. Ao olharmos a paciente, o indivíduo como todo, encontramos um quadro de perda de peso, diminuição de nível de atividade física e uma baixa capacidade aeróbica. Ou seja, é preciso uma investigação mais aprofundada da causa para que o tratamento adequado seja estabelecido e a idosa possa evitar novos riscos de cair. Afinal essa queda pode causar fraturas incapacitantes ou uma hospitalização prologada", ressalta.

Francielle destaca que a fisioterapeuta em gerontologia leva em consideração todas as particularidades do idoso: queixas motoras, funcionais, cognitivas, urinárias, respiratórias, dolorosas e também saber identificar a necessidade de outros profissionais nesse cuidado.

“Um fisioterapeuta respiratório ou ortopédico vai ter uma visão do sistema e depois a visão geral do indivíduo. E o olhar dentro da gerontologia é o contrário, primeiro a gente vê o indivíduo e depois o sistema. Como foi o processo de envelhecimento desse paciente? O que é fisiológico, o que é natural do envelhecimento? O normal do processo de envelhecimento a gente ignora, porque não vai mudar mesmo. Já as outras alterações, que apesar das limitações a gente consegue otimizar, vamos trabalhar para que esse idoso continue sendo independente e mantenha sua autonomia”, argumenta.

Então todo idoso precisar ir ao fisioterapeuta especialista em gerontologia? Não, vai depender do caso explica Francielle Fialkoski. “Por exemplo, um idoso que só tem uma limitação, um sistema comprometido ele vai tranquilamente para uma especialidade. Se o idoso sofreu um AVC, e está com dificuldades de se locomover, é melhor ele ser atendido pelo fisioterapeuta neurofuncional. Nós olhamos para os casos mais complexos, possuo um paciente que tem doença de Parkinson, osteoporose, fratura de vertebra e demência. É preciso um olhar geral nesse caso, não é só um problema específico. Somos como clínicos gerais, que permeiam um pouco de tudo”.

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